Geração Olímpica 10 anos: incentivando o paradesporto paranaense 20/07/2021 - 14:36

O gigante paranaense, assim Mari Santilli define o programa Geração Olímpica. A atleta da paracanoagem é uma das bolsistas contempladas ao longo destes dez anos. De lá para cá, mais 1150 bolsas para atletas e técnicos foram distribuídas para o paradesporto paranaense em 18 diferentes modalidades.

Esta reportagem faz parte do especial comemorativo sobre os dez anos do Programa Geração Olímpica. 

>>>> Confira a página especial sobre os 10 anos do Geração Olímpica 

Em 2021, até o momento, 283 atletas e técnicos – do nível formador escolar ao nacional – foram contemplados.  Entre os nomes rumo aos Jogos Paraolímpicos no Japão, está Mari Santilli.  Desde 2016, a atleta recebe a bolsa-atleta na modalidade da paracanoagem.  Segundo Mari, o programa é essencial para dar apoio aos atletas de alto rendimento, como é o caso dela.

“Não tenha dúvida que é um baita programa que eu chamo de ‘gigante paranaense’. Que vem com muita força e dão apoio para a gente” revela Mari. Formada em educação física, o paradesporto nunca foi novidade em sua vida. Porém, desde que se acidentou de atleta amadora Mari se tornou atleta de alto rendimento. Para realizar seus sonhos, como a Rio 2016, a bolsa-atleta do Geração Olímpica foi suporte para que ela disputasse os jogos paraolímpicos pela canoagem.

Para melhorar seu desempenho, entre 2019 e 2020, Mari adquiriu um barco importado. Assim, possibilitando treinar com um equipamento top de linha. Mari conta que colocou um adesivo do Programa Geração Olímpica na embarcação. O motivo da homenagem é reconhecimento pelo suporte financeiro que recebe para representar o Paraná e o Brasil pela sua modalidade.

Além disto, Mari explica que as bolsas são peça chave para o surgimento de novos atletas.  Para ela, esse estímulo ajuda na manutenção e expansão do paradesporto pelo Estado.  Na próxima Paraolímpiada, três atletas da paracanoagem representarão o país: Mari Santilli, Adriana Azevedo e Giovane Vieira – bolsistas Geração Olímpica. Por isso, Mari acredita que essa evolução da paracanoagem paranaense foi possível com diversos fatores e um dos principais é a bolsa do Geração Olímpica.

FUTURO - A continuidade do esporte paranaense também é feita através das bolsas para atletas ainda no nível escolar. Como é o caso do Matheus Bonamigo.  Em 2019, Matheus descobriu o atletismo e seu desempenho chamou a atenção. No ano seguinte e com bons resultados, Matheus foi contemplado com a bolsa-atleta, categoria formador estadual, pelo atletismo nas provas de corrida de 800 e 1500 metros.

A meta de Matheus são os Jogos Paraolímpicos de 2024. Com o auxílio da bolsa, o jovem atleta de 18 anos conseguiu dar continuidade aos treinamentos durante a pandemia. Defendendo o Instituto Reagir, Matheus parou apenas por 15 dias e iniciou os treinos com um técnico paralelo ao da equipe e em uma pista alternativa.

“Treino todo dia. Treinos de corrida são três vezes e fortalecimento muscular, na academia, são duas vezes. Aos sábados, faço um treino mais leve de corrida. Aos domingos tenho meu descanso”, explica Matheus que está trabalhando para baixar o seu tempo.

A grande incentivadora e fã é sua mãe Michelle Bonamigo. Segundo a mãe, Matheus foi estimulado desde pequeno – fez judô, natação, dança (hip hop) – mas foi o atletismo que o conquistou logo de cara. Michelle explica que o filho é um campeão desde que nasceu e pelas dificuldades enfrentadas foi muito estimulado desde pequeno. Matheus nasceu com uma má formação intestinal, teve uma parada cardíaca com cinco dias de vida e uma lesão cerebral.  Durante esses 18 anos, já passou por 10 cirurgias longas. E a bolsa-atleta dá suporte financeiro para buscar profissionais para desenvolverem os pontos fortes do atleta e corrigir a parte motora. Matheus tem acompanhamento com nutricionista, pratica pilates como uma fisioterapia continua e, agora, iniciou o acompanhamento com uma psicóloga esportiva para estimular a concentração, reduzir e controlar o nervosismo pré-competições.

“A bolsa é algo super incentivador para todos os atletas. Ajuda os atletas e a família. Dá um alívio para tocar as coisas e se dedicar mais ao esporte. O Matheus conta com uma equipe multidisciplinar que sem o incentivo não seria possível”, enfatiza Michele.

Além disto, Michele explica que a bolsa vai além de um suporte financeiro ao atleta, ajuda na motivação e no convívio familiar. Para a família Bonamigo, desde a inscrição até a lista de contemplados é um evento que traz união para, em conjunto, realizarem todas as etapas do programa Geração Olímpica. Neste ano, Michelle teve os dois filhos contemplados – irmão de Matheus ganhou bolsa pelo basquetebol. “É algo que envolve muito a família. Aqui ficamos ansiosos e fazemos tudo junto. No dia que saiu a lista foi dia de comemoração, dia de pizza”, brinca Micheli.

PARANÁ PARCEIRO DO PARADESPORTO - Representando a bocha paraolímpica, está o técnico Darlan França Ciesielski Junior que recebe a bolsa desde 2012. Junior tem ligação com o paradesporto desde 1997, iniciando com basquete em cadeira de rodas.  Desde 2002, Junior é técnico da bocha adaptada pelo time da Associação de Deficientes Físicos do Parana (ADFP). Nestes anos, o técnico conviveu com a evolução do paradesporto paranaense e um dos suportes está nos Jogos Abertos Paradesportivos (Parajaps).

Criado em 2012, Parajaps é principal competição paradesportiva do Estado. O Parajaps é um evento realizado pelo Governo do Paraná, por meio da Superintendência de Esporte.

O Parajaps reúne mais de 1500 atletas em 17 modalidades, coletivas e individuais. E é realizado em diversos municípios paranaenses.  Segundo Junior, ao longo das nove edições já realizadas, o Parajaps evoluiu muito. “Parajaps tem aumentado o nível técnico e nível de organização ano a ano. Isso é bem evidente. No início não se tinha tanta experiência com o paradesporto. Por exemplo, classificação funcional ou organização das modalidades. Depois que a experiência foi adquirida, o nível do Parajaps tem melhorado bastante a cada edição” explica Junior.

Um exemplo é na bocha adaptada que tem participação da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE) na organização dos jogos, a entidade é responsável pela modalidade no país. “Sempre temos painel de classificação funcional, árbitros credenciados, é algo bem estruturado o Parajaps”, revela Junior.

O assessor técnico do esporte, da Superintendência de Esporte, Moisés Batista, explica que o Parajaps também é um indicador de desenvolvimento do paradesporto no Paraná. Atualmente, 13% dos municípios paranaenses participam da competição e a meta é atingir 15% na atual gestão.

“O Parajaps é a porta de entrada do atleta para o circuito nacional de competições.  Serve de primeiro resultado. Nossos jogos estão com qualidade de atendimento com hospedagem, classificação funcional, atendimento oficial”, revela.  

Com os dados do Parajaps, Batista ressalta que é possível detectar quais regiões estão mais carentes no paradesporto. Para desenvolver estes municípios, o Governo do Estado  criou o Plano Paraná Mais Cidades (PPMC).

Por meio do PPMC, os municípios foram atendidos com materiais esportivos e equipamentos que permitem a continuidade ou início de projetos em diversas modalidades. Fazem parte do portfólio kits multimodalidades, paradesportivos, de modalidades únicas, para a melhor idade (idosos), além de academias ao ar livre, Arenas Meu Campinho, parques recreativos adaptados e outros aparelhos voltados ao paradesporto de rendimento, como cadeiras de roda, handbikes e bicicletas tandem. 

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