São dezenas de anos de histórias para contar que cada atleta reuniu com suas experiências. Houveram grandes obstáculos, alegrias de não caber no peito, perdas, mudanças, novas vidas, encontros. Tanta vida acumulada em rugas e risos, porque aqui a rabugice não tem vez. Porque quando se pensa em esporte, já se associa à saúde física, mas ele tem um peso importantíssimo para a saúde mental também.

O professor Carlos Eduardo Correa, técnico dos times de Rancho Alegre, sempre fala para os atletas idosos que o mais importante desses jogos é estar vivenciando essa gama de sentimentos. Para ele, seja a vitória, a derrota, as reviravoltas no placar, favoráveis ou não, todas essas emoções que a competição traz fazem com que eles se sintam cada dia mais vivos e ativos. Correa conta que a cidade é pioneira na região em projetos para idosos, um trabalho que se desenvolve há cerca de 20 anos, no qual ele atua há três. “A gente acaba aprendendo muito mais do que o que a gente pode passar para eles”, comentou.

Esporte traz alegria e motivação para atletas idosos. Foto: Amanda Iargas

“É um trabalho muito gratificante, é uma experiência de vida poder ver a cada dia a superação deles, a vontade de eles virem aqui, jogar, competir e vencer é muito bom”, afirmou a professora Mariza Martins, técnica do time de União da Vitória. Ela comentou que a maioria dos atletas que ela tem hoje só começou a praticar algum esporte depois de idoso, então a emoção de acompanhar essa mudança é indescritível. “O esporte, além de saúde, traz muita alegria, muita motivação, e para eles, participar de uma competição é o máximo!”

O OBJETIVO É PARTICIPAR MAS O GOSTINHO DA VITÓRIA É SEMPRE VIBRANTE

E quem não iria querer ganhar uma medalha ouro de presente de aniversário? Foi isso que aconteceu com Gilmar Gaspar, que fez 63 anos nessa quinta-feira (15.08) e no dia seguinte conquistou o título no tênis de mesa para a cidade de Antonina. Ele disse que antes vinha como torcedor para os Jogos de Integração, mas que sempre incentivou os colegas a jogarem para ganhar. E dessa vez a festa é toda dele.

Gilmar Gaspar comemorou a vitória no tênis de mesa no dia seguinte ao aniversário de 63 anos. Foto: Amanda Iargas

Com festa também é como vai ser recebido o time feminino de basquete relógio de União da Vitória. Com um projeto social que atende mais de 500 idosos, Maria Lorenzi, 68, disse que com certeza a chegada das senhoras não vai passar em branco. “Eu estou nas nuvens, você não tem ideia, para mim elas são família”, comentou, se referindo a emoção de vencer com a equipe.

Já Valentim Fontana, 62, de Rancho Alegre, foi atleta na juventude e chegou a competir nos Jogos Abertos do Paraná como jogador de vôlei. Para quem olha esse currículo e imagina que o veterano não sente a pressão da disputa, ele garante que o nervosismo bate no começo e que a dica é não desistir e continuar treinando. O time venceu na peteca e no vôlei de praia. Para a primeira modalidade eles tiveram bastante treino, mas na segunda o resultado apertadíssimo (15 a 14 contra os vizinhos Cornélio Procópio) foi surpreendente para o próprio time. É que eles não tem quadra de areia na cidade e não esperavam ganhar. 

Por outro lado, Jacira da Costa Toyota, 64, que ganhou no xadrez, descreveu a sensação de estar na competição como “uma ansiedade e ao mesmo tempo um tremor, um frio na barriga”. Mas contou que, durante a partida, agiu com cautela. Toyota disse que duas pessoas a incentivaram a participar: o filho dela, com quem joga frequentemente e deu orientações de lances, e a amiga Rosa, que também veio para a competição. Ela não imaginava que ia vencer porque não treina muito frequentemente, mas acredita que sua técnica, principalmente com o uso da jogada do roque, foi o que fez a diferença. É por isso que ela acredita que essa vitória é resultado da sua rede de apoio, uma vitória da afetividade e companheirismo.