No Complexo Esportivo Tarumã: Joaquim Teixeira Batista, o 'Joaquinzão', encerra vitoriosa carreira 23/07/2024 - 15:43

Joaquim Teixeira Batista encerrou a carreira após 37 anos jogando goalball. No último sábado (20), ele disputou o Regional Sul de Goalball, realizado no Complexo Esportivo Tarumã, defendendo a APADEVI (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais), de Ponta Grossa. O torneio marcou a despedida das quadras como jogador.

Morador de Sarandi, na região de Maringá, Joaquim ficou cego aos 28 anos. Foi carregando o lema pessoal "um cego de fé e coragem" que entrou para o mundo do esporte em 1986, um ano após a apresentação da modalidade goalball no Regional Sul de Atletismo em São Paulo, em partida entre Adevimar (Associação das Pessoas com Deficiência Visual de Maringá) e Cadevi-SP (Centro de Apoio ao Deficiente Visual).

"Naquela época, jogávamos com uma bola de futebol de cinco, com tampinhas de garrafa e arame amarrado em volta para fazer barulho", lembra Joaquim. Ele afirma que, em outubro daquele ano, Mário Sérgio Fontes, atual coordenador do Paradesporto da SEES, foi quem viajou a Orlando e trouxe as primeiras bolas oficiais de goalball ao Brasil.

Foi assim que, em 1987, no Ginásio do Tarumã, aconteceu o primeiro torneio nacional da modalidade. "Tive a felicidade de ser o primeiro campeão nessa quadra", conta Joaquim. Em 2024, 37 anos após o primeiro título nacional, ele decidiu parar de jogar no mesmo palco em que começou a trajetória recheada de troféus.

Além de vários títulos brasileiros, Joaquinzão fez parte da seleção que foi vice-campeã mundial de goalball em 1988, na Espanha. 

MOTIVAÇÃO - Joaquim acredita que o segredo do sucesso no esporte é o amor pelo que se faz. "Estou há quase 40 anos competindo, nunca desanimei. O esporte é minha alegria e felicidade."

Outro grande motivo de orgulho para Joaquim é sua filha, Fabiana Milioransa, a única árbitra brasileira que estará nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. "Ela aprendeu a engatinhar com a bola de goalball. Aos oito anos, era nossa mascote; aos 12, foi nossa técnica; e aos 17, tornou-se árbitra. Hoje, é a única brasileira a apitar nas Olimpíadas."

Fabiana foi escalada para  apitar a última partida do pai , no Complexo Esportivo Tarumã. "Com certeza, minha voz vai continuar nas quadras com ela apitando", completou Joaquim, que garante que, apesar de deixar as quadras, seguirá no esporte - provavelmente como técnico.

O TORNEIO - O Regional Sul de Goalball 2024 chegou ao fim neste sábado (20), no Complexo Esportivo Tarumã, com duas equipes locais no topo do pódio. 

No masculino, o IRM-PR (Instituto Roberto Miranda) venceu a Acesa-SC (Associação Catarinense de Esportes Adaptados) por 14 a 4, conquistando o sétimo troféu na história, o quinto sob este nome.

Na categoria feminina, o Maestro-PR (Projeto Maestro da Bola) derrotou o IRM-PR por 10 a 7, conquistando a medalha de ouro.

Este foi o último dos cinco regionais organizados pela CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais), após passar por Goiânia, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. 

O torneio reuniu 26 equipes, sendo 15 na categoria masculina e 11 na feminina, com participação total de mais de 130 atletas.

GOALBALL - De acordo com a Confederação Paralímpica Brasileira (CPB), o goalball foi desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual. 

A quadra tem as mesmas dimensões das de vôlei (9m de largura por 18m de comprimento). As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos, com três minutos de intervalo. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas.

De cada lado da quadra, há um gol com 9m de largura e 1,30m de altura. Os atletas são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores. O arremesso deve ser rasteiro ou tocar pelo menos uma vez nas áreas obrigatórias. O objetivo é balançar a rede adversária.

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