Dia das mães: a vida de quem concilia maternidade e esporte 13/05/2023 - 09:09

Mãe. Palavras de três letras que carrega diversos significados: carinho, amor, compreensão…

Nessa data especial fazemos uma homenagem a todas as mães do esporte, sejam atletas, técnicas, árbitras ou aquelas que apoiam a carreira dos filhos. 

Confira a história de três mães paranaenses que conciliam a vida no esporte com a maternidade:

ÁGATHA BEDNARCZUK RIPPEL - Medalhista olímpica 

Ágatha Bednarczuk

A medalhista olímpica de vôlei de praia, Ágatha Bednarczuk, recentemente tornou-se mãe da pequena Kahena. Entre a novidade da maternidade e a volta às areias, Ágatha conta como tem sido adequar sua rotina de mãe e atleta: “Eu sempre tive o sonho de ser mãe, mas eu nunca imaginei que ia estar jogando ao mesmo tempo, sempre imaginei que já estaria aposentada, então tudo que eu venho vivendo hoje em dia tem sido uma surpresa, a experiência da maternidade tem sido muito gostosa, a sensação que tenho é que o amor cresce cada dia mais.”

Ágatha voltou aos treinos quando Kahena completou dois meses, atualmente a pequena está com seis (meses). A atleta comenta que um dos principais desafios tem sido conciliar o papel de mãe com o papel de atleta, porque ambos demandam muita dedicação e atenção. “Tenho acordado de madrugada para dar o mamazinho dela, antes de sair para treinar tenho que amamentar ela e também deixar leite para depois, então tive que criar esse tipo de logística no meu dia a dia para conseguir estar ao lado da Kahena e conseguir treinar ao mesmo tempo, mas ta dando certo, a gente tá conseguindo.”

ÁGATHA BEDNARCZUK RIPPEL

Ao lado de Ágatha está o marido e personal trainer, Renan Rippel, que é parceiro não só na criação da filha, mas também na carreira de atleta da esposa: “Nesse processo de volta a alta performance, a gente tem um grande sonho que é ter a Kahena do nosso ladinho. Ele tem sido um parceiro nessa caminhada, um paizão super presente”, comenta. Ainda sobre ter a filha ao lado, a atleta conta que pretende incluí-la ao máximo na sua carreira esportiva “Eu to trazendo a Kahena pro meu mundo, então ela vai aos treinos comigo, me acompanha, na minha primeira viagem, na primeira competição (depois da gravidez) ela viajou junto, então minha ideia é sempre estar carregando a Kahena comigo, porque eu quero e tô focada nisso, que ela seja presente na minha vida e eu na dela.”

Dentre os muitos sentimentos durante a jornada de ser mãe, Ágatha conta que a maternidade trouxe o de urgência e de não desperdiçar os poucos momentos de tempo livre livre com bobagens: “Eu acho que isso a maternidade me trouxe, de não gastar tempo livre com bobeira, e o principal, ela me trouxe muito amor, posso que meus dias são muito floridos. É uma delícia poder acabar meu dia e saber que tenho um pacotinho, uma bolotinha me esperando, e eu tento viver com ela o dia a dia mesmo”, finaliza.

Aos 39 anos e depois de quase um ano dedicada totalmente ao sonho de ser mãe, Ágatha está motivada e pretende conquistar a vaga olímpica para Paris 2024, ao lado da nova parceira nas areias, Rebecca.

ROSELI LOPES - Mãe de Bárbara “Babi” Domingos

Roseli e Babi

Roseli Lopes sempre foi muito presente na vida de seus três filhos: Vinícius, Graciele e Bárbara. E sempre fez o possível para apoiar os sonhos deles.

Quando Babi começou a se interessar pela ginástica, Roseli, junto do marido, foram logo buscar locais em que a filha pudesse treinar. Em 2004, quando Babi ainda estava na ginástica artística, a mãe não imaginava que a filha fosse progredir tanto no esporte. Dentre muitas preocupações sobre o futuro de Babi na ginástica, Roseli conta que o principal era se ela e o marido teriam condições de arcar com os custos da modalidade: “A gente não olhava se ela tinha talento ou corpo pra isso, não olhávamos o lado técnico e sim se teríamos como bancar financeiramente. Mas como família fomos dando apoio, fomos nos virando e abrindo mão de algumas coisas para que ela fosse se desenvolvendo e alcançasse seus sonhos”. 

Roseli esteve sempre muito presente em todo o processo da carreira esportiva da filha, até pouco tempo atrás, era ela costurava os collants de competição, já que antigamente havia poucas pessoas que faziam esse tipo de trabalho: “Os collants era eu que tinha que fazer, porque na época não tinha muita opção de mão de obra especializada nisso, então era assim, nós mães fazíamos mesmo, não só eu, como outras mães que passaram pelo clube”, fala.

Mesmo com Babi já estando há quase 20 anos no esporte, o coração de mãe ainda aperta toda vez que precisa ficar longe da filha. Roseli conta que quando a filha ainda era pequena, ficava desesperada sempre que ela viajava para alguma competição, principalmente porque antigamente não era tão fácil se comunicar: “Quando me perguntam se fico com saudades eu falo que já me acostumei, mas é mentira, a gente não se acostuma com essa distância do filho. Nós vamos nos adequando à falta dela, mas nunca ligamos pedindo para ela voltar logo, mesmo com saudades, porque esse é o trabalho dela”. Roseli ainda comenta sobre a angústia de assistir às competições a distância, pelo computador ou celular “Eu acho que é pior que assistir no ginásio, porque no ginásio a gente tá no clima daquele lugar, gritando e vibrando junto, é diferente de ver do lado de cá, sentada numa cadeira olhando pra tela, o coração não vê a hora de saber se tá tudo bem com ela.”

Família Babi

Roseli conhece a fundo as dificuldades da carreira esportiva e fala que muitos pais e mães têm medo de ver os filhos seguindo nesse caminho, por ser uma atividade que exige muito, tanto quanto qualquer outra profissão: “Acho que uma dica que tenho para esses pais é entrar de cabeça, porque faz a diferença, ver nossos filhos num esporte, é muito benéfico, é saúde, é sair de casa, é ficar longe de certos círculos de influência que não são muito bons, e principalmente é construir cada dia um pouquinho daquele ser humano e daquela personalidade, então incentive, porque a vida é enfrentar obstáculos e não desistir.” 

Com pouco mais de um ano para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, Roseli se sente anestesiada vendo que o sonho de Babi está  próximo de se realizar, principalmente porque por duas vezes a ginasta esteve muito próxima da vaga olímpica: “Nós como família sabemos de tudo isso, sonhamos junto, mas é angustiante porque a gente sonha que ela esteja lá, mas tem um caminho a ser percorrido até isso acontecer, as expectativa são as melhores, mas depende dela e de quando ela colocar o pé no tapete”, finaliza.

CÉLIA TARGAT - Técnica de natação

Célia e Duda

Desde 1991 atuando como técnica de natação, Célia Targat já treinou diversos atletas que conquistaram grandes resultados na modalidade, como a atleta Ana Carolina Ghellere, que em 2022 conquistou 21 medalhas em campeonatos brasileiros e integrou a seleção brasileira nos Jogos Sul-americanos, onde foi medalhista. Mas para Célia, um dos maiores orgulhos da vida é a filha, Maria Eduarda (Duda), que também é atleta, e treina com a mãe desde os nove anos. “Durante o treino ela me chama de Célia e discute com a técnica como qualquer atleta, fica brava quando a série é difícil, mas em casa me chama de mamãe”, comenta.

Entre muitas viagens para competições e treinos diários, Célia ainda é dona de uma academia de natação e faz o possível para conciliar sua vida pessoal e familiar com a vida profissional. No início da carreira, a filha e o marido Omar Pinheiro, acompanhavam nas viagens: “Quando a Duda era pequena, eu treinava a equipe master, sempre a levava para os campeonatos, não faltava gente para cuidar e dar colo, ela dormia ao som dos gritos de torcida e adorava viajar, meu marido também nadava os campeonatos, nesta época sempre estávamos juntos e era muito mais fácil o relacionamento familiar”, diz. 

Quando a técnica assumiu a equipe principal, as viagens aumentaram e nem sempre o marido pode acompanhar, mas a filha está sempre junto, competindo. Célia conta que procura sempre organizar os afazeres da casa, mesmo com a vida agitada: “Não deixo nada desorganizado, comida no freezer, roupa lavada, diarista agendada e tudo bem certinho para não atrapalhar o cotidiano da família. O bacana é que meu marido apoia muito o que faço e ama me ver realizada com meus resultados e conquistas”. 

 

Com a carreira consolidada, Célia fala que a sociedade esportiva ainda tem dificuldade em ver técnicas mulheres e mães no alto rendimento, em conversas com colegas já ouviu comentários sobre ela estar viajando há semanas e mesmo assim ser casada: “No geral, vemos muitas mulheres na natação competitiva atuando em categorias menores e poucas no alto rendimento, uma realidade no Brasil é que nenhuma das mulheres que atuam no alto nível são casadas e têm filhos”. 

Celia e Duda

Mesmo com as dificuldades, Célia conta que o fato de ser mãe a ajuda lidar melhor com seus atletas: “Educar um filho não tem receita pronta, e não é diferente com o filho dos outros, por isso, ser mãe e técnica te torna, com certeza, mais sensível para ajudar os atletas, em especial os adolescentes”.

Tendo a maternidade como uma de suas maiores conquistas, Célia comenta que nem sempre é fácil conciliar, mas que com amor e respeito é possível: “A Duda é meu presente do céu, minha companheira, amiga, minha razão de vida. O mais gostoso é que é perceptível o orgulho que ela tem da Célia técnica e também da Célia mãe”, finaliza.

 

 

 

 

 

 

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