ESPECIAL FEDERAÇÕES: 60 anos da Federação Paranaense de Judô 29/04/2021 - 15:49

Ao longo de 60 anos de história, que serão completados no dia 07 de outubro, a Federação Paranaense de Judô (FPRJ) tem se mostrado referência nas últimas décadas: seus filiados quase sempre figuram entre os cinco primeiros colocados nas competições nacionais (dados da instituição).

 

Essa é uma série especial que, a cada semana, apresenta as histórias de uma federação esportiva do Paraná, falando de seus projetos, números e parcerias com o Governo do Estado, por meio da Superintendência Geral do Esporte.

 

Se pódio é praxe, a luta de seus idealizadores em busca da excelência também é cotidiana. Como um de seus judocas no momento de um o-soto-gari (golpe em que o atleta, frente a frente com o adversário, busca derrubá-lo usando a perna como alavanca)  a estratégia é a busca pelo movimento perfeito. O que tem permitido um crescimento  sistemático. Atualmente, a FPRJ conta com cerca de três mil atletas e treinadores federados e 84 clubes, associações e academias atuantes.

 

Criado por Jigoro Kano no Japão no final do século 19, o judô ganhou grande prestígio no Paraná, que hoje abriga a segunda maior colônia japonesa do país. História que, há 60 anos, começou a ser escrita por um grupo de mestres e professores que acreditavam nos ideais e no potencial da modalidade, cujos valores, enaltecidos pela FPRJ, permeiam a ética, transparência, honestidade, humildade, disciplina, respeito e inclusão.

 

A história da FPRJ - Para o presidente da FPRJ, Luiz Hisashi Iwashita, principal missão é fazer a federação ser reconhecida cada vez mais como uma referência a nível nacional, fomentando a prática e a evolução do judô por meio da excelência em suas atividades.

 

“As entidades de gestão esportiva cresceram muito nas últimas décadas e com a nossa federação não foi diferente. Nossos eventos seguem padrões internacionais”, disse  Iwashita.

 

NÚMEROS - Com três mil atletas e treinadores federados e 84 clubes, associações e academias atuantes, Iwashita vê um crescimento da modalidade – principalmente nas capitais. “A partir dos cinco anos de idade já é possível fazer parte da nossa Federação e isso ajuda no desenvolvimento e manutenção do esporte”, explica Iwashita.

 

Um membro da família FPRJ é Diogo Guilherme Tonietto, faixa preta 4º dan (denominação dos graus atribuídos aos mestres, que podem chegar até o 10º nível) e coordenador de rendimento da equipe Judô Tonietto, de Curitiba. Desde os dois anos, ele pratica a modalidade por influência dos irmãos mais velhos. “Nunca tive minha vida fora do judô. Entrei no esporte em 1991 e sou federado desde 1997, participando sempre das competições oficiais da federação”, conta Tonietto.

 

Ele enfatiza que a federação é fundamental na construção da carreira, tanto para atleta como para técnico. “A Federação rege a modalidade no nosso estado e ela tem um fator fundamental de fomentar maior número de praticantes”, explica Tonietto.

 

Apesar da possibilidade de se federar já aos cinco anos, as competições organizadas pela FPRJ começam com a partir dos sete anos e vão até a categoria sênior (adultos).  Em 2019, a entidade realizou mais de 20 competições. Entre elas estão o Campeonato Paranaense, Torneio Regional (cinco regiões paranaenses e aberto com atletas não federados) e a Copa Paraná – a qual acontece no Ginásio do Tarumã, com o apoio do Governo do Paraná.

 

Como judoca, Tonietto afirma que as competições estaduais são realizadas pela federação ou tem uma chancela da instituição – autorizada ou desenvolvida por ela. Para ele, a padronização, as sequências das mesmas normas e regras de arbitragem são fundamentais para elevar o nível de todas as competições no estado.

 

INOVAÇÃO - A pandemia da covid-19 afetou de alguma forma a todos, inclusive a FPRJ, que teve todas as suas atividades e suas competições suspensas. Neste momento foi a hora da inovação: judô online.


A partir de março de 2020, quando começou a quarentena em todo o país, o calendário da FPRJ teve de ser reformulado e as atividades foram adaptadas para o ambiente virtual. Em abril do ano passado, a instituição paranaense iniciou o projeto Fala Sensei, uma iniciativa que consiste na apresentação de lives semanais abordando temas relacionados à prática do judô, voltados a atletas, técnicos, professores, árbitros e toda a comunidade judoísta do país. As transmissões começaram em 17 de abril e foram realizadas mais de 30 sessões com dirigentes, medalhistas olímpicos e profissionais da área da saúde.

 

Além disso, a FPRJ realizou mais de 10 cursos online durante 2020. Destaque para o curso de credenciamento técnico, que teve mais de 150 participantes. Também foram realizados cursos de arbitragem, primeiros socorros, técnicas, kata (prática que é uma simulação de luta real, onde se executa uma sequência de golpes e defesas pré-determinada) além de uma mesa redonda.

 

PIONEIRO - O Paraná foi o estado pioneiro em eventos onlines de judô ao lançar o Campeonato Paranaense Funcional de Judô. Realizado em forma de treinamento funcional, o certame foi dividido em tempo e rounds, com demonstração de golpes e exercícios. No primeiro dia de competição, aproximadamente 3.500 pessoas visualizaram a transmissão ao vivo no YouTube, sendo também a competição com o maior número de inscritos entre todas as disputas nacionais.

 

Outro ponto importante da instituição é esse suporte continuo aos atletas. Iwashita revela que a FPRJ busca dar total apoio, seja por meio das competições ou custeando viagens (inscrições, transporte e hospedagem). Entre as atletas incentivadas, está Natasha Padilha Ferreira, filiada desde 2009, quando tinha dez anos. Para a judoca, a FPRJ é uma importante ligação para a Confederação Brasileira de Judô. “A federação, além de organizar os treinamentos da seleção paranaense, dá todo suporte para o atleta não se preocupar com inscrição para campeonatos brasileiros e viagens nacionais”, conta Natasha.

 

 GERAÇÃO OLÍMPICA - Desde o início do programa Geração Olímpica (realizado pelo Governo do Paraná com o patrocínio da Copel), em 2011, até a edição passada, em 2020, foram 382 bolsas ofertadas para atletas e técnicos do judô paranaense. Natasha é bolsista desde 2012. A atleta revela que a carreira de judoca é muito difícil por exigir bastante – dois até três treinos diários.

 

Com a bolsa, Natasha pode viajar e desse modo treinar e competir com diferentes atletas, estilos de lutas e se aperfeiçoar na modalidade. Assim busca o seu sonho: os Jogos Olímpicos. “Não diria que o judô é um esporte solitário. Apesar de individual para você chegar ao topo precisa de muita gente. A bolsa me possibilita esse intercâmbio” afirma Natasha. 

 

O judô também está presentes nas competições estaduais realizadas pela Superintendência do Esporte. Na edição de 2019 dos Jogos Abertos do Paraná (JAPS) foram 161 atletas e 28 equipes inscritas. E nos Jogos Universitários do Paraná (JUPS),  191 atletas participaram e 34 equipes foram inscritas.

 

CURIOSIDADE      

  • O judô estreou no programa olímpico nos Jogos de Tóquio-1964, apenas como demonstração, e passou a valer medalha a partir de Munique, em 1972. Somente 20 anos mais tarde, em Barcelona, as mulheres foram aceitas e começaram a competir.
  • O atleta de maior destaque do judô paranaense é Rafael Silva, peso-pesado integrante da seleção brasileira de judô. O medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e Rio 2016 é tetracampeão pan-americano, tricampeão sul-americano, campeão dos Jogos Sul-Americanos no peso absoluto, três vezes campeão e um vice-campeonato na Copa do Mundo de Judô, prata no Grand Slam de Paris, ouro no Masters Top 16 Almaty, e prata nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.
  • Atualmente, tem grande destaque no Paraná a atleta paralímpica Meg Emmerich que, em 2019, conquistou o ouro em duas competições importantes: nos Jogos Parapan-americanos de Lima, no Peru, e no Aberto da Alemanha de judô paralímpico, disputa em que ela foi considerada a melhor competidora. Além disso, conquistou em 2018 o bronze no Campeonato Mundial de Judô Paralímpico em Lisboa, Portugal. Em 2020, foi convidada para o evento-teste do judô para deficientes visuais em Tóquio. Meg é bolsista do Geração Olímpica desde 2018.

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